Patrícia Kogut fala sobre Miguel Rômulo


Num momento em que a televisão parece uma espécie de vitrine de musculosos e calipígios jovens “talentos”, Miguel Rômulo, o Shiva Lênin de “A favorita” , é uma gratíssima surpresa. Ele escapa a um certo “padrão-treinadinho” que faz muita gente da sua geração parecer estar fazendo sempre o mesmo personagem.

Esta semana, Miguel, que tem apenas 16 anos, brilhou numa seqüência dramática em que contracenou com Claudia Raia. Ao abrir uma carta enviada pela mãe que o abandonou ainda pequeno, Shiva explodiu, chorou, comoveu mesmo. $difícil mesmo não era brilhar nessa cena cheia de apelos. Era, isso sim, fazer tudo o que antecedeu a ela na história de João Emanuel Carneiro: um Shiva travado, cheio de responsabilidades com um pai infantil, um menino adulto antes do tempo e que usa uma máscara social porque não tem apoio afetivo algum.
A tal seqüência foi só uma explosão derivada do que vinha se passando com ele desde a estréia. Mas também deu a chance ao ator de mostrar que possui uma compreensão mais profunda do seu papel.
Segundo Miguel, “o Shiva é muito difícil, muito sério, não gosta de $os sentimentos. Só agora estou começando a entendê-lo”. Um desafio e tanto, realmente. Tamanho entendimento do personagem diz tudo sobre o talento (e a inteligência) de Miguel. Ele, que estreou aos 9 anos em “Coração de estudante”, fez pequenos papéis depois. Só teve certeza de que queria mesmo essa profissão em “Pé na jaca”, em que viveu Marco Antônio. Como muitos meninos de sua geração, passou pelo Tablado e por outros cursos de teatro. Mas, diferentemente de muitos meninos de sua geração também, não chama atenção só pelas horas gastas em academias de ginástica: Miguel Rômulo é ator.

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